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Foto do escritorEduardo Galvão

Quem contrata lobistas?


Artigo publicado originalmente no Congresso em Foco.

Pesquisa mostra quais são os setores que mais demandam profissionais de Relações Governamentais no Brasil

Já mostramos que a expansão e retração da atividade de relações governamentais está estreitamente ligada à expansão e retração da economia do país e à movimentação dos mercados.

Períodos de abertura econômica trouxeram empresas multinacionais ao Brasil, que implementaram aqui sua cultura de relacionamento com o governo na discussão de políticas públicas e de um ambiente regulatório favorável. Ainda, o  grande número de sindicatos e associações estabelecidos no Brasil já demonstra a dimensão do universo dessa atuação.

Também, que a mudança e a disrupção nos mercados acabam por se acirrar uma disputa regulatória, principalmente entre empresas das novas economias e empresas das economias tradicionais, gerando demanda por bons profissionais em ambos lados. Os agentes já estabelecidos passam a buscar paridade de regulação com novos players. Esses, tentam manter sua atividade longe dos custos da economia tradicional.

A multiplicação de foros de participação social na definição de políticas públicas nos poderes Executivo, Legislativo e também Judiciário aumentou a participação desses profissionais. São exemplos os conselhos paritários, audiências públicas e o papel do amicus curie.

Em países de tradição reguladora e altamente intervencionistas na economia, como é o caso do Brasil, a busca por profissionais de Relações Governamentais é particularmente relevante. Quanto mais regulado o setor, maior o peso da atividade governamental na empresa.

Portanto a disponibilidade de vagas observa uma equação onde são considerados: o tamanho da atividade dos setores no país e o grau de dependência desses setores a políticas públicas e regulações. Aqueles setores com intensa atividade e/ou que são altamente impactados por políticas e regulações demandam bons profissionais que possam se articular tecnicamente com os poderes políticos.

Os campeões  de contratação

Para avaliar a demanda de profissionais de Relações Governamentais foram analisadas 130 vagas de todo o Brasil e de diferentes níveis, publicadas no período de maio de 2017 a maio de 2018 por empresas de diferentes setores. Algumas são mais conhecidas pelo público em geral como Amazon,  Coca-Cola, Eurofarma, Facebook, Google, Hyundai Johnson&Johnson Latam Airlines, L’Oréal, Motorola, Nestlé, Netflix, Pepsi, Pfizer, Philip Morris, Philips, Procter&Gamble, Tetrapack, Tim, Uber, Unicef e WWF, além de entidades de classe, escritórios de consultoria e de advocacia e empresas de recrutamento.

Os nomes dos cargos variam de relações governamentais a políticas públicas, passando por assuntos governamentais, assuntos regulatórios e relações institucionais. Cada um com suas especificidades, mas todos tendo em comum a finalidade de influenciar políticas públicas para defender interesses.

O gráfico abaixo mostra o resultado da divisão por setores nas vagas oferecidas.

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Os setores Farmacêutico (14,8%), Tecnologia da Informação (14,1%), Biotecnologia (11,7%) e Alimentos (10,2%) foram os que mais demandaram profissionais de Relações Governamentais. Esses setores juntos ofereceram mais das metades das vagas analisadas.

Os setores incluídos na categoria Outros tiveram menos de 1%, cada, na participação das ofertas analisadas: Agropecuária, Aviação, Bancário, Cooperativismo, Filantrópico, Governo, Logística e suprimentos , Organismo internacional, Química e Trabalhadores.

A depender das políticas adotadas no próximo governo, assistiremos novas movimentações no share de cada setor na contratação de profissionais capacitados para implementar estratégias de relacionamento com o Governo.

Os dados analisados fazem parte da pesquisa O Perfil do Profissional de Relações Governamentais, realizada pelo Pensar RelGov. Ao todo, a pesquisa analisa o tamanho do universo, a distribuição e concentração dos profissionais no Brasil, setores que mais contratam, análise de competências e de perfil profissional.

Por Eduardo Galvão, Pensar RelGov

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